sábado, 25 de fevereiro de 2012

LIXO DE LUXO


Ao pagar tudo dá
Na sociedadedo grito e da dor
Pouco se consegue com amor.

Empatia e compaixão
São palavras fora de cogitação
Longe dos sentimentos
Que nomeiam.

É preciso insistir muito
Para fazer o Outro olhar
Se por no lugar
Se responsabilizar.

Ninguém é responsável
O sofrimento vem do acaso
Ninguém colabora
Nem percebe onde melhorar.

Trabalho coletivo?
Nem pensar!
Esta sociedade está para acabar.
Vai se autodestruir
Com tanto lixo, mesquinharia e sofrimento.
Mas o dinheiro paga,
Enquanto durar.

O MUNDO ESTÁ CHEIO DE BOAS INTENÇÕES


O filósofo Levinás diz “que vivemos em um mundo de intenções”. Ele cita o exemplo de um homem que fuma. Ele está sentado em uma cadeira, de frente para uma mesa, e sua intenção é esticar o braço para colocar o resíduo da cinza no cinzeiro, que se encontra a uma pequena distância sobre a mesa. Quando ele estica o braço, a manga de seu casaco esbarra em um copo de água que ele bebeu até a metade e deixou sobre a mesa. O copo vira e derrama o liquido sobre a mesa. A água escorre e molha a roupa do homem e o chão. Ele precisa sair para trocar de roupa. Depois ele volta para pegar um pano e secar a água derramada no chão e na mesa. O cigarro ficou depositado no cinzeiro e ele não terminou a sua ação.
                Este exemplo demonstra que a intenção interfere no meio e provoca uma série de ações que ocorrem despercebidas aos desatentos. A nossa visão limitada permite-nos apenas vermos o foco de nossa intenção, ou às vezes, nem isso. Na alegoria do fumante, o objetivo do homem era apenas colocar a cinza no cinzeiro. Esta ação desencadeou uma série de outras ocorrências imprevistas e desagradáveis.
                Nem sempre percebemos o resultado de nossas boas ou más intenções.  Existe um ditado popular que diz assim: “de boas intenções o mundo está cheio”. As pessoas utilizam esta frase para ironizar uma intenção que aparentemente é boa, mas pode causar prejuízos.
                O filósofo Levinás, que inspirou este texto, tem uma super consciência com relação à interferência das intenções e ações na vida do Outro. O Outro pode ser um ser vivo, uma pessoa, um grupo ou sociedade. Ele se reporta a Responsabilidade Social de cada indivíduo. Para demonstrar o “peso” das intenções, conto uma estória do cotidiano:
                Um cidadão acordou atrasado na manhã daquele dia. Ele rotineiramente pega ônibus para deslocar-se, mas por causa do atraso, resolveu ir de carro para evitar a bronca do chefe.
                Ele morava em um condomínio e ao ligar o seu carro, acordou alguns vizinhos que moravam próximos da garagem. Ele saiu com tranqüilidade, sem perceber que os vizinhos incomodados com o barulho do motor e o bater da porta do carro, levantaram de mau-humor. A fumaça que seu veículo despejou no ar também foi invisível para aquele homem. Os vizinhos mau-humorados maltrataram familiares e animais domésticos que convivem com eles e a densa fumaça juntou-se a nuvem de poluição que cerca a cidade e causa problemas de saúde aos cidadãos.
                Ao sair do condomínio, ele deparou-se com vias de trânsito engarrafadas. Ele não imaginava que outros, como ele, também se atrasaram, ou simplesmente preferem deslocar-se de carro até o trabalho ou escola dos filhos para ter mais conforto. Os motoristas que utilizam seus carros todos os dias, não percebem que entopem as ruas da cidade e atrasam os transportes coletivos que levam crianças e trabalhadores para iniciarem o seu dia de escola e trabalho.
                Alguns carros fazem filas duplas em frente das escolas, com a pretensão de “largarem” os seus filhos sem precisarem estacionar. Eles não imaginam que impedem tantos outros pais de chegarem a tempo e deixarem os seus filhos também na escola. Os pais e mães que agem desta forma, não percebem que estão educando os filhos através deste exemplo, ou seja, criam um futuro de motoristas infratores, pois a fila dupla é proibida.
                O homem, que excepcionalmente hoje saiu de carro, fica nervoso com o engarrafamento e começa a buzinar e xingar todos que estão em volta. Os motoristas que estão próximos também começam a buzinar e gritar. A histeria se generaliza, alguns motoristas descem dos carros, quase acontece uma briga, mas finalmente a fila anda e todos se concentram em seguir o fluxo que vagarosamente segue na via lenta e trancada.
                O cidadão chega ao trabalho. Ele está nervoso e irritado porque a sua intenção de aliviar o atraso não deu certo. O engarrafamento, as vias lentas, as brigas no trânsito o impediram de realizar o seu objetivo. Ele sabe que não adianta falar sobre isso ao chefe porque a advertência a virá de qualquer maneira. Ele resolve fazer um comentário para amenizar a situação:
- O trânsito estava terrível no caminho até aqui. Não sei o que deu nas pessoas! Parece que saíram todas ao mesmo tempo de casa!
                Os colegas concordam, pois vários deles estavam no mesmo engarrafamento e tiveram dificuldades para chegar ao trabalho. Todos estavam irritados com as vias da cidade que são lentas e trancadas para o deslocamento até o trabalho.
                Esta alegoria urbana nos faz refletir as nossas melhores intenções. Nós sempre interferimos na vida de alguém, mesmo sem querer fazê-lo. A responsabilidade social existe quando tomamos consciência da importância de nossa presença no mundo e procuramos colaborar para as coisas melhorarem. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

HIDRATAÇÃO




Banho de cheiro na pele
Carícia suave
Nuvem branca, úmida e cheirosa
Tez molhada e sugada
Por bocas sem lábios.

Massagem quente e úmida
Arrepio suave
Prazer ingênuo e doce
Carícia auto-suficiente.

Pelos eriçados
Agora molhados
E grudados na pele
Para descansar.

Tempo de relaxar
Sorrir ou pirar
O que trazer mais prazer
Ao ser que se encontra.