Uma reportagem de
telejornal mostrou a premiação oferecida aos professores que tiveram algum
diferencial criativo em seu trabalho, no ano de 2011. Um dos projetos
desenvolvidos chamou minha atenção: tratava de uma professora de escola
infantil, educadora de crianças de três e quatro anos, que recebeu uma aluna
surda. Ela aproveitou a grande oportunidade que a vida lhe ofereceu e ensinou a
linguagem de sinais para todas as crianças da classe.
Depois que desliguei a televisão, refleti que grande
tesouro representou este ato para a sociedade.
A ideia é simples e grandiosa, ao mesmo tempo. As crianças que frequentaram
essa classe na escola sempre serão especiais para a sociedade. A menina surda
que sensibilizou a professora jamais será esquecida.
E por que não pensar na linguagem de sinais como
estudo obrigatório nas classes iniciais? Ou como uma matéria complementar em
algum nível escolar? Os ventos da sociedade inclusiva estão soprando neste
momento. É necessário que voltemos nossa atenção para a pequena parcela de
pessoas que tem necessidades especiais, e que está em dificuldades coma falta
de acessibilidade.
Outra reflexão interessante é a violência
escolar. Outro dia, troquei ideias com
uma professora, que estava muito preocupada com um fato que aconteceu na escola
onde leciona. Ela relatou que houve a necessidade de chamar a polícia, os pais
dos alunos envolvidos e, ainda, excluir da escola os estudantes envolvidos no
incidente. Perguntei se houve algum
trabalho, no plano das ideias, com os alunos que não se envolveram no episódio.
Ela disse que a escola estava se esforçando para esquecer o assunto. Então,
questionei se essa seria a melhor maneira de tratar com a situação, já que a
atitude poderia banalizar a violência.
Por
que não explorar a criatividade dos bons alunos da escola, trazer o assunto à
tona e buscar, junto aos estudantes, novas formas de lidar com a violência? Abrir
espaço para discussão, e encarar o problema com responsabilidade, pode ser um
tesouro na vida dos estudantes. Quem sabe, essa escola poderia até ser premiada
com a diminuição da violência!
Penso que deixamos a “coisa rolar”, com nossa
omissão. Isso acontece com qualquer cidadão que não tem consciência do espaço
que ocupa, e do quanto pode fazer a diferença na sociedade. Todos somos pais,
alunos ou professores em algum momento de nossa história.
A professora que foi premiada pela ideia de ensinar
Libras para as crianças poderia ter deixado aquela menina quietinha em um canto
da sala. Ela poderia ter feito de conta que estava tudo bem, que a turma se
relacionava bem com a criança, mesmo sem que ela conseguisse se comunicar com
os demais. Entretanto, a professora não fez isso. Ela não se omitiu frente à
adversidade. Acredito que ela tenha “suado a camisa” para fazer o que fez, e é
esse tipo de atitude que faz falta, o tempo todo, em
nossa sociedade: atitudes individuais, de cidadãos comuns.
Não digo que essas iniciativas não existam por aí!
Sei que os heróis ocultos estão em todos os lugares, e que, infelizmente, nem
sempre são reconhecidos ou premiados. Fazem por fazer, por sentirem-se no dever
de auxiliar o planeta a crescer. O mundo precisa de menos omissão e de mais
ação, quanto se trata de construir algo próximo do conceito de justiça. Precisamos
refletir sobre o nosso mundo, antes que ele se torne inaceitável para todos
nós.