quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

POEMEU


Poema meu atrevido,
Tenta nascer
Em um mundo de loucos.
Um falar sem som
Desenho de um sonho
Que impulsiona o encanto.

Poema desnecessário
Problema secundário
Desvio de rota, meta, finalidade.
Palavra que corrompe
Jorra fantasias para todos os lados.

Poema gentil
Cria forma
Cala o idiota
Fertiliza a imaginação
Mundo de ideias
Utopias reais.

Comparo um poema
Ao lançamento de moda
Que grita, berra e assusta.
Parece impossível de usar
Até ficar popular
Sucesso na boutique
E no bazar.

O poema transporta
O corpo, a mente e a alma...




EU APENAS


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

QUASE UMA LENDA


                Estava tudo normal até o motor do carro não ligar. Girei a chave várias vezes e o motor só fazia um som parecido com TCHOK, TCHOK, TCHOK. Chamei, por telefone, um mecânico para me auxiliar.
                Ele chegou de moto. E que moto! Era uma enorme motocicleta, com franjas de couro e bandeiras, no estilo Harley Davidson. Lembrava um integrante das “Hells Angels” perdido em frente ao portão.  Pedi para o segurança abrir porque ele estava paralisado com a assustadora “figura” da máfia sobre rodas.
                Ele entrou e parou a sua moto próximo ao meu carro. Confesso que tive vontade de subir na garupa e ir embora com ele diante do olhar dos vizinhos que se aboletavam nas janelas a espiar.  Eu me tornaria uma lenda: a mulher que subiu na carona de uma Harley Davidson e nunca mais voltou. Mas me contive e parei ao lado do meu carro.
Ele tirou o capacete lentamente e, vários vizinhos se aproximaram rapidamente, para ver de perto as tatuagens, cicatrizes, piercings e brincos que esperavam encontrar naquele Hell Angel. Mas ao arrancar o capacete, tinha apenas uma cabeça de homem um tanto calva. Jamais me tornaria uma lenda na garupa daquele mecânico. Os vizinhos decepcionados voltaram aos seus postos de observação.
                O mecânico não percebeu toda esta movimentação em torno de sua aparição em uma manhã que poderia fugir ao “lugar comum”. Dirigiu-se a mim e pediu que eu acionasse a alavanca que abre a tampa do motor. Ele olhou para a bateria e disse:
- Venceu! Acabou a validade.
                Então eu falei:
-Mas que coisa! Eu não sabia que bateria tinha prazo de validade.
                Timidamente ele esboçou um “meio” sorriso!! Depois que desisti de me tornar uma lenda, perdi o interesse pelo mecânico motoqueiro.
                O mecânico pegou uma maletinha com um pequeno cabo e ligou na bateria. Ele pediu que eu acionasse a ignição e o carro funcionou. Surpreendente! Imaginei que iríamos empurrar e suar “em bicas” para fazer o carro pegar “no tranco”.
                Fiquei pensando porque não recebemos um relatório de vencimentos de validade de cada peça do carro no momento da compra. Confiro e atualizo tantos relatórios no trabalho, que seria fácil controlar mais um.
                Quase não percebi o mecânico retornar para a sua moto. Contive o ímpeto selvagem de subir na Harley Davidson e caminhei até ele para saber o valor do serviço prestado. Ele novamente sorriu enigmático e disse:
                    Não custa nada! Eu estava próximo quando recebi o chamado. Pode ficar com o meu cartão.
                    Peguei o cartão aturdida! O cavalheiro simplesmente ficou feliz com a minha eterna gratidão. Bem dizia a minha mãe, que todo homem gosta de ser cavalheiro. É preciso permitir que isto aconteça.
                Agradeci ao mecânico e entrei no carro. Girei a chave e o motor rugiu. Liguei o rádio para relaxar. Imagine a música que tocava? A Lenda com Sandy e Junior. Achei graça! Quase me tornei uma lenda nesta insólita manhã.