Lembro que morei em uma casa simples, de madeira, com peças
amplas. No dia da semana em que a minha mãe, fazia a faxina, eu sentia o cheiro
adocicado da cera que ela utilizava para lustrar o piso novinho de madeira.
Neste
piso encerado, eu e meu irmão brincávamos com um velho pano de lã. Minha mãe
sabia das brincadeiras e propositadamente entregava-nos a tarefa de lustrar
todo o chão.
Eu,
toda sorridente e pequenina, sentava no pano de lã. Meu irmão agarrava duas
pontas daquele tecido, de forma a transformá-lo em uma “cadeirinha” para mim.
Voávamos pela casa com muitos gritos e risadas. Meu irmão gostava de fazer
curvas durante a brincadeira, pois então eu me desequilibrava e caía para os
lados. Ele tinha cuidado de não me deixar bater em nada, mas eventualmente eu
caía e batia com a cabeça. Eu sabia que ele não me derrubava para machucar, mas
algumas vezes a brincadeira terminava com o meu próprio choro.
Outra
brincadeira gostosa que fazíamos durante a atividade de lustrar o chão era uma
espécie de corrida de quatro pés. Colocávamos quatro panos sobre os joelhos e
as mãos. Saíamos apostando corrida naquela posição, de quatro pés no chão. Esta
brincadeira também tinha uma variação de pé, quando colocávamos dois panos ou
um só bem grande, sobre os dois pés. Nesta brincadeira corríamos e dançávamos
como dois bailarinos treinados.
Ao
término do dia de limpeza dormíamos exaustos com as estrepolias que aprontávamos.
O chão
de minha casa brilhava e cheirava bem. A cada dia de faxina eu e meu irmão
oferecíamos-nos para auxiliar novamente. Eram dias gostosos de brincadeiras.
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