domingo, 22 de abril de 2012

QUATRO ELEMENTOS EM QUATRO TEMPOS


Tempo de Colheita
                Eu planto as minhas sementes na terra. Ela alimenta e protege os meus futuros frutos. Eu confio no amadurecimento que o tempo e o conhecimento proporcionam.
                A enxurrada de ontem transbordou a terra de contentamento. A água desceu pelo córrego como vibrante corredeira e lavou toda a tristeza que a estiagem provocou. Hoje voltou a chover, mas desta vez foi uma chuva calma, como lágrimas de felicidade.
                Antes da chuva eu estava pensando nos frutos de meu plantio, enquanto via fumaça ao longe. Os vizinhos reclamavam da seca por causa do fogo. Aqui, o único fogo que ardia era em meu coração, pois estava apaixonado por uma mulher casada, fruto de um encontro que não acabava. Sempre era a última vez, o último beijo, tudo último.
                Pensarei um dia em respirar? Apenas sorverei um pouco de ar, como as plantas fazem e nunca deverão nada a ninguém? Por que esta ânsia de vida sempre sustentará a falta de algo? Será que sempre sentirei falta de ar? Sempre os amores impossíveis. Ai de mim! Seguirei o ar e voarei para bem longe um dia? Ai de mim! Colherei os amargos frutos de uma vida impulsiva e apaixonada?

Um comentário:

  1. Um interessante exercício de tempos verbais na oficina literária de Alcy Cheuiche.

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