Inspirado em Vlademir
do Carmo
A música começa. A cortina abre-se
lentamente e desvenda o mistério que esconde. Nas coxias, atores ansiosos, com
o coração descompassado, preparam-se para atuar. Usam roupas elegantes e suam
em “bicas”. Heróis e vilões, rainhas e príncipes, fadas e monstros ganham forma
na cópia da vida.
O apresentador anuncia: - O
espetáculo vai começar! Silêncio! O
público percebe que a magia está no ar e prepara-se para viver as emoções que
uma boa peça de teatro proporciona. O apresentador propaga os patrocinadores e
encerra a sua participação com a saudação: - Desejo a todos um bom espetáculo!
A peça começa e os atores entram
no palco. Concentram-se para não esquecer as falas, deixas e marcações. O público, de olhos bem abertos, procura
entender o início da história. Tudo é lindo! As roupas, os atores e atrizes e,
principalmente, a forma como se movimentam no palco. Parece uma dança
harmônica. De repente a música falha, não entra na hora certa e o pânico
instala-se no palco e nas coxias. O público nada percebe, pois não conhece o
roteiro. De repente, um dos atores que está no palco, cantarola uma canção
junto com passos de uma dança improvisada. Foi a movimentação necessária até a
música começar. Todos os atores suspiram aliviados e a magia do teatro volta a
se equilibrar.
Na coxia acontece uma correria
louca. Trocas de roupas e maquiagem para todo lado. Na hora de entrar em cena,
um ator não aparece. Olhares apavorados se cruzam entre os atores e
contra-regras. Outro ator veste o casaco rapidamente e entra no palco. Ele não
lembra bem o papel, nem mesmo ensaiou para cumpri-lo, mas faz do seu jeito e
salva a seqüência. Em seguida chega o ator que deveria estar no palco, branco
como cera. Sentiu uma indisposição e estava no banheiro. O público nada
percebeu.
Os minutos seguintes correm
loucamente com entradas e saídas. O público aplaude algumas cenas do espetáculo
e os atores se cumprimentam nas coxias, revigorados pelo retorno de aplausos.
Ao final da peça, todos os atores
e contra-regras entram no palco para agradecer a platéia. Algumas pessoas
aplaudem de pé e outras gritam “bravo”. Os atores que deram vida ao espetáculo
retornam a coxia após receberem os cumprimentos e começam a organizar as
roupas, maquiagens e cenários. Permanecem mais uma hora no teatro para recolher
e arrumar seus pertences.
Mais um dia de emoções
revigorantes para aquele grupo que ama o que faz. Teatro é vida! Gritam esta
frase ao final, antes de despedirem-se um dos outros. O diretor avisa que o
ensaio iniciará mais cedo no dia seguinte e todos acenam com a cabeça
confirmando a sua presença.
A magia do teatro bate forte no
coração dos teatreiros que levam esta arte em frente, apesar das dificuldades.
Os teatros são palco de vida, diversão e arte. A paixão de copiar a vida
através da arte é uma homenagem ao público. Que sempre encontremos teatros
lotados para prestigiar os espetáculos.
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